quinta-feira, 8 de julho de 2010

O Duque

Ele já estava indo pra casa, mas resolver passar lá antes. É sempre um bom lugar pra quando se precisa pensar na vida. Adentrou a portaria marrom, e lá dentro estava repleto de verde. Essas pequenas concentrações de verde em meio a grandes metrópoles sempre lhe fascinaram. Deve ser alguma analogia com algum lugar especial. O fato é que estavam lá, ele e o verde. Ele acabara de saber que precisaria tomar uma decisão importante. A bem da verdade, sabia que a decisão já estava tomada desde o momento em que se apresentou necessária. Costumava ser assim em sua vida. Ele costumava demorar pra admitir que já tinha decidido. O que faltava, de fato, era dar forma ao conteúdo. O "como", não mais o "o quê". Mas ele sabia que as respostas do qual precisava não viriam todas naquele momento. Por hora, queria apenas o verde.
Escolheu o banco que lhe parecia um pouco mais escondido. O parque estava todo lotado, na verdade. Mas havia um banco longe dos muros, do alcance da grande avenida. Sentou ali. Acendeu seu cigarro. Pensou. Viu uma crinaça tirar um peixe do lago (sim, além de todo o verde, tinha um laguinho lá) e levar bronca de sua mãe. Trocaram alguns palavrões, as duas. Mas nada tirava sua calma. Apenas saboreava o verde e o cigarro.
Era uma cena tão simples, banal e mais qualquer adjetivo que se queira usar pra diminuir a importância das coisas. Mas ele usufruiu dela ao máximo, porque sabia que, dali a pouco tempo, um adjetivo não lhe cairia mais: a cena deixaria de ser cotidiana!
Aproveitou o que pôde. Saiu... e a grande avenida ainda estava lá.


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