sábado, 21 de agosto de 2010

Texto de prova

Embora a pólis grega mais bem documentada seja, de longe, Atenas, sabe-se que esta não foi a primeira a adotar o regime democrático. A primazia se encontra com Quios. Claro que é possível traçar inúmeros paralelos entre a vida política e social destas duas cidades-Estados, mas voltemos a atenção para um aspecto específico em comum entre elas: a escravidão. Não que esta seja característica apenas de Atenas e Quios, ou das pólis democráticas. Pelo contrário, sabe-se ter sido a escravidão o modo de produção econômica predominante não só na Grécia, mas em tudo aquilo que se convencionou chamar "Antiguidade Clássica". Mas, nas pólis democráticas, esta não exercia apenas um papel econômico. Ela era, especialmente em Atenas, uma forma de sustentação política e ideológica do regime.
A democracia ateniense, embora mantivesse igualdade jurídica (isonomia - de "nomos", conjunto de regras que norteiam a vida social) e política (isocracia - "mesmo poder") entre seus cidadãos, nunca se esforçou para acabar ou mesmo diminuir as desigualdades sociais no seio de seu povo. E, quando me refiro a desigualdades sociais, não falo somente em diferenciação de renda. As desigualdades atingiam os diferentes gêneros, faixas etárias, os estrangeiros etc. Mas as desigualdades citadas eram simplesmente ignoradas pelo regime político vigente, ao passo que outras duas foram, até certo ponto, geradas e necessárias a ele: a hegemonia externa imperialista de Atenas, traduzida na Liga de Delos, e a já mencionada escravidão. Mas, afinal, por que a existência de escravos era tão necessária a um modelo que dava o poder de escolha ao povo?
Bem, em primeiro, a existência de escravos está intimamente ligada ao conceito de "cidadania". Para que se dê igualdade política a todos os cidadãos, é necessário saber, antes de mais nada, quem são esses cidadãos, e, por consequência, quem não o são. A escravidão ajudava a delimitar até onde ia a democracia ateniense, quem fazia parte dela. Até aí, a exclusão de mulheres e estrangeiros em nada perde em termos de importância (sem que se faça juízo de valores da palavra) para a dos escravos. Mas a escravidão vai mais além.
A democracia direta ateniense, tão bem descrita por Finley, necessitava que os cidadãos gozassem daquilo que Aristóteles tanto enalteceu: o ócio, entendido, na Grácia Antiga, como o tempo livre do trabalho para que se pudesse se dedicar à vida pública. O órgão máximo era a Assembléia, reuniões livres a qualquer cidadão onde eram votados todos os projetos. Nem as magistraturas, cargos executivos criados para funções bem específicas, nem o Conselho, órgão legislativo responsável pela elaboração de projetos, podiam exceder àquilo que fosse decidido pela Assembléia. Ora, uma participação popular ativa na Assembléia (o que se questiona se sempre ocorrera, mas era o desejado pelo sistema) demandava tempo dos cidadãos, tempo este que não podia ser desperdiçado em termos de produção. A única solução para este conflito foi criar uma divisão de tarefas: o cidadão deveria delegar a outrem as funções típicas do trabalho para então poder participar da política. É aí que entra o escravo. Não poderia haver tal forma de democracia sem ele. A escravidão, neste caso, não se apresenta como uma característica econômica, mas também como uma necessidade política dentro de um conflito social inerente ao sistema, com direito até a justificativa filosófica.
Aristóteles, principal filósofo grego a escrever sobre o assunto, via a escravidão como algo natural, decorrente de uma também natural distribuição desigual de virtudes. O homem público, político, teria a plena capacidade de escolha, ausente no escravo, que teria suas virtudes ajustadas às suas tarefas. O escravo só saberia aquilo que fosse necessário para realizá-las, nada mais que isso.

domingo, 15 de agosto de 2010

O amor é o ridículo da vida

A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga idéia de paraíso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não dói. (Cazuza)

domingo, 8 de agosto de 2010

Não me lembro exatamente as palavras usadas, mas era algo mais ou menos assim:

"Você pode escolher voltar, ou pode escolher ficar aí, envelhecer tomado pela culpa e esperar pra morrer sozinho."

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A Lista - Oswaldo Montenegro

Sim, seu porra, o "Antes de Dormir" (se é que você o leu) foi pra você. Esse vídeo também. As visitas lá, mascaradas pelo interesse em outro alguém, não passavam de desculpa esfarrapada pra te ver passar em silêncio. Sim, essa semana também. Tudo. Todas as vezes que você desconfiou que era por você, era mesmo. E nem um "oi"...

Fernando Pessoa tava certo. Você, que nunca escreveu uma carta de amor, é ridículo.