Fiz estes poemas com ele.
Poema I
Meu refúgio
Que encontro em ti, tão doce e severa
Paz, aconchego, despretensão, desaconchega, desfaz, diz paz
E eu querendo me achegar
Me achego e se desfaz
Pois em ti tenho meu encontro
E me encontro e na mesma hora
Como a mais bela das ninfas
Oferecendo todo seu esplendor
Mas então
Vais embora
Lembro-me de ti
Ti antes e eu antes de ti
Um fora do outro e eu fora de mim
E o encontro que eu não queria
E ninguém queria e ninguém sabia
E eu não sabia
E eu não sabia!
E em meio a asfalto concreto
Em meio a concreto, paredes vazias
Palavras vazias, trabalho
Necessito eu mesmo
Cadê você?
Mas se preciso de ti
Ainda não é eu mesmo
Às vezes, parece-me feita na medida
Pra mim, só pra mim
E quando olho em volta
E vejo a quantos sacia
E tantos de mim
E quantos torna a mim
É o só conjunto
E o sentimento do mundo
Que esvazias de mim
Mas tu me livras da ansiedade
De ter que andar passo a passo
Passo a passo em mim mesmo
Com você entro voando em mim mesmo
Distante...
Nos ares me vejo
Mas minhas asas são logo quebradas
É então que acordo e vejo o que não existe:
Concreto, palavras, futuro, passado
Onde voando joguei o meu agora?
Me prendes onde mais desejo ser preso
O instante que vivo
O chão que agora e só agora piso
E a vontade louca e torturante
De não precisar de mais que isso
Só de ti, só de ti
Toda a vontade de ser
Tudo o que o infinito deseja ser
Tu me dás, me apresentas o infinito
Poderia eu morrer
Já tenho tudo
Mas acordo frustrado
E me vejo em meio a nada
Logo tu, logo tu
Que tens o nome proibido
O andar pelas ruas coibido
Que me atiças e poda o libido
Que é tão presa e te soltas
Que todos invejam, criticam e desejam
Que eu desejo e repudio
Em detrimento de mim
Burlo as regras do mundo
Pra que toda e qualquer regra
Venha de ti
Só de ti, só de ti
Poema II
E então o céu da noite ficou azul
Foi de repente, ondas azuis
O que é vazio?
Vazio azul do dia
Vazio raiar do sol
Diante do azul cintilante daquela noite
As trombetas soavam
As árvores balançando...
Tudo acalmava
Num grande vazio
Foi quando o céu caiu na árvore
Nuvens, de azuis, se deleitavam
Se esbanjavam, trepavam!
E eu, expectador, gritei chorando
As leis findaram!
Era o olhar esperado
Há muito tempo esperava
O dia de rever
A ordem natural fixada
Dar espaço àquela noite azul
E àquela árvore azul
Tony Rocha / Féfis Damásio
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