quarta-feira, 30 de junho de 2010

A longa duração na História e nas estórias

Pra começar, eu sei que a grafia "estória" foi extinta. É apenas uma forma de diferenciação. Mas, enfim, vamos aos fatos.
Nisso de aprender a fazer um blog e criar o Retrovisor, eu andei relendo o Blog do Central. E uma postagem me tocou em especial. Foi a penúltima de 2007, um texto do Markoleta, de encerramento do ano. Me veio então aquela sessão flashback e comecei a fazer um balanço dos últimos 3 anos. Eu estava pra terminar o Ensino Médio. Fase dolorosa, nostálgica, mas repleta de sonhos e expectativas. É a hora do "vamo ver", e tudo que você quer é que seja como você planejou. Foram anos longos, provavelmente devido ao grande número de ambientes e experiências que fizeram parte deles. Quando o Markoleta pôs aquele ponto final, eu era um garoto que estava esperando o resultado de um vestibular que, sinceramente, não fazia a mínima questão de passar; torcia pro Conselho me aprovar em Química; queria muito trabalhar e estava disposto a entregar currículo em barraquinha de cachorro-quente; queria sair da casa dos meus avós e morar numa república com a galera da ETE; queria transar. Bem, nesse tempo todo, eu transei; morei com a Isa, sozinho e, agora, com a Bia; trabalhei numa indústria de plásticos, posto de saúde, pronto-socorro, almoxarifado de medicamentos e me demiti; comecei Logística, fiz cursinho e agora faço História na USP. Foi um grande leque de acontecimentos.
Mas a vida é como a História, e as teorias são válidas pra ambas. E já dizia Fernand Braudel, renomado historiador francês, que o mais importante da História não são os acontecimentos. Não, não são. São os eventos de longa duração. Aquilo que o tempo não muda. Que dura séculos, talvez milênios. Claro que, transpondo isso pra uma vida humana, não se pode falar em séculos, tampouco em milênios. Mas, realmente, há coisas que não mudam. Estou com a Isa. Ontem, conversamos no msn com a tia Lígia, Kinho, Dolfo, Markoleta. Logo mais, estarei com a Bia. Geralmente, na vida, esses "eventos" de longa duração são aqueles que podem ser traduzidos em nomes e sobrenomes, e eles são muito mais importantes do que qualquer ínfimo segundo que pense ter a capacidade de mudar o rumo das coisas pra sempre.

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Tente agora se imaginar daqui a três anos cara: morando sozinho, com a Isa, com alguém que vc ainda não conhece?
    Fazendo facul, trabalhando sabe-se lá onde...
    Isso me lembra quando, no Popol Vuh, alguém disse que os deuses jogaram areia nos olhos dos humanos, pra que eles vissem menos... e talvez com isso fazê-los viver mais?

    Jr.
    (E seu CD é meu, já era!)

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  3. Tantas reviravoltas, tantas experiências, tão pouco tempo. E é assim que a vida é!

    Belo texto, Fê! :*

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  4. Esse texto me fez futucar na conta que eu nem sabia que tinha só pra descobrir como deixar um post. Sim, esse texto merece, você sempre merece. Mas agora é diferente. Eu vejo o meu Fe, falo com o meu Fe, brigo com meu Fe, abraço muitoo meu Fe, mas eu nunca tinha lido o meu Fe. To emocionada. Eu sabia de todos esses acontecimentos, participei de alguns deles, e também compartilhei muitas expectativas e vitórias. Mas ler fez com que tudo isso saísse das minhas memórias e ganhasse um espaço muito maior. A nossa história (quem sabe História?) é deliciosa de ser vivida, de ser contada, e lida, relida... Uma agradável e intensa sensação de que deu certo e muita vontade de continuar...

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